Seu chefe pediu uma tarefa extra, uma para agora, agorinha mesmo. Só que você está postergando ela, arranjando uma desculpa, procrastinando. Porque precisa assistir a um novo vídeo engraçado no Youtube, porque está lendo algo legal no blog da Locaweb, porque prefere ver fotos de gatinhos – ou de qualquer outra coisa – no Facebook
Quando sai para o almoço, o mesmo acontece, só que dessa vez, sua comida acaba esfriando porque você precisa saber o que tá rolando no Snapchat e no Instagram. Seus colegas ficam ali, jogados de lado, porque óbvio, VOCÊ PRECISA responder aos inbox e whats que recebeu. Fora que com isso, acaba atrapalhando as pessoas que realmente estão com pressa. Seus passos ficam mais lentos porque está olhando para a tela do smartphone, porque está digitando e não pode parar. Alguma dessas situações tem a ver com você?
O fato é que estamos cada vez mais distraídos.
Segundo um estudo realizado pelo Conselho de Segurança Nacional, caminhar e mandar mensagens aumenta o risco de acidentes e mais de 11 mil pessoas se machucaram só em 2014 nos Estados Unidos ao andar e usar o telefone.
Um artigo publicado na Revista Galileu aponta que mais perigoso ainda é o motorista que anda distraído por causa do smartphone. O envio de mensagens durante o trânsito resultou em 16 mil acidentes nas estradas entre 2001 e 2007, sendo que atualmente, mais de 21% das fatalidades estão atribuídas aos motoristas falando em seus celulares e 5% a motoristas mandando mensagens
Não seria a hora de termos mais consciência ao se conectar?
Quando fazemos muitas tarefas ao mesmo tempo, não usamos nosso tempo e habilidades como deveríamos. Temos mais eficiência quando nos concentramos em cada tarefa, uma de cada vez, já que dessa forma, não sofremos com a “cegueira da atenção” – a falha que não nos deixa reconhecer pessoas caminhando em nossa direção enquanto usamos o smartphone.
Além disso, pessoas com multitarefas têm menor performance em testes de memória e têm uma saúde inferior a daqueles que se concentram em uma tarefa por vez.
Mas o que acarreta essa espécie de ansiedade?
Por que precisamos saber as novidades nas redes sociais, escrever e-mails ao mesmo tempo em que temos de interagir com mais pessoas, trabalhar, dirigir, cuidar da casa…?
A pressão do tempo é um dos motivos. Estamos sempre querendo fazer mais coisas do que podemos em um curto período. Fora que, com as mídias sociais, temos a sensação de estarmos em vários lugares e mais de uma identidade – o que para Douglas Rushkoff, teórico de mídia, seria uma conjugação distorcida do presente.
Outro ponto citado pelo artigo é que mensagens, e-mails e ligações constantes acabam sendo uma forma de mostrar o quanto somos ocupados, conectados e altamente comunicativos. E com isso vem a distração.
Não é que a internet seja a vilã. Fora disso. Não há como negar que a tecnologia e seus avanços trazem diversos benefícios para a convivência em grupo. Só que talvez precisemos nos reeducar.
Acredite, é tentador olhar as redes sociais enquanto escrevo esse texto. Ou mandar um whats enquanto dirijo, ou ver o vídeo de um gatinho brincando enquanto deveria trabalhar, mas para tudo há hora, lugar e consciência. Afinal, quero ter um bom rendimento dentro da empresa na qual trabalho, também quero me divertir com os amigos e prestar atenção no filme dentro do cinema. Não quero que a minha memória e vida profissional sofram por causa do “sou obrigado a saber o que está rolando nas 10 redes sociais que faço parte”.
Porque desconectar, ainda que por poucos minutos no dia, é preciso.
Faz bem. Para si e para outras pessoas. E assim você pode contribuir para um trânsito melhor, com sua saúde, com seus colegas e sua família. Sem pânico, sem estresse, apenas fazendo uma coisa de cada vez e focando sua atenção em cada uma delas.