O Kotlin é uma linguagem de programação de código aberto criado para ser uma alternativa mais concisa e segura ao Java. 

Kotlin é uma linguagem de programação moderna que vem ganhando destaque no cenário de desenvolvimento de software. Criada pela empresa JetBrains, em 2011, a linguagem foi projetada a fim de ser concisa e segura com interoperabilidade com a Máquina Virtual Java (JVM) e com as bibliotecas Java existentes. 

O grande impulso para a adoção em larga escala do Kotlin aconteceu em 2017, pois foi quando o Google anunciou o suporte oficial ao código para o desenvolvimento de aplicativos Android. A partir desse momento, o Kotlin ganhou popularidade rapidamente, tornando-se então uma das linguagens de programação de crescimento mais rápido. 

Atualmente, grandes empresas como Uber, Netflix, Trello e Amazon utilizam essa linguagem de programação para o desenvolvimento de aplicativos móveis e até algumas aplicações internas. Além disso, o Kotlin conta com código aberto, o que permite que qualquer pessoa possa examinar, modificar e aprimorar a linguagem. 

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    Por que usar Kotlin no desenvolvimento de software? 

    Kotlin foi a nova linguagem de programação que mais cresceu em 2022
    Kotlin foi a nova linguagem de programação que mais cresceu em 2022, segundo o Octoverse do GitHub. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

    O Kotlin se tornou uma escolha popular entre desenvolvedores e empresas para os projetos de desenvolvimento de software, principalmente pela sua interoperabilidade com o Java e pela sua aplicabilidade na plataforma Android. 

    Contudo, a linguagem de programação também apresenta outras vantagens, tais como: 

    • Sintaxe limpa e concisa — o Kotlin pode fazer mais com menos linhas de código em comparação ao Java. 

    • Segurança de tipos — com um sistema mais robusto que o Java, o Kotlin permite inferir tipos automaticamente e oferece recursos avançados, como tipos de dados imutáveis. 

    • Facilidade de aprendizado — muitos conceitos do Kotlin são semelhantes aos do Java, ou seja, é uma transição suave para desenvolvedores que já têm experiência em Java. 

    • Recursos de orientação a objetos — como é uma linguagem de programação orientada a objetos, o Kotlin conta com recursos como classes, interfaces, herança, polimorfismo e propriedades, e oferece recursos mais avançados como por exemplo as extensões, que permitem adicionar novas funções a classes existentes sem herdar delas. 

    • Suporte à programação funcional — o Kotlin suporta programação funcional, permitindo assim que você use funções de primeira classe, lambdas e outras construções funcionais. 

    • Ampla comunidade e ecossistema — o código tem uma comunidade crescente de pessoas desenvolvedoras e empresas que o apoiam, e como resultado, existe um ecossistema rico de bibliotecas e frameworks disponíveis.

    • Suporte multiplataforma — pode servir para desenvolver aplicativos em várias plataformas, incluindo Android, iOS, web e desktop, economizando tempo e esforço no desenvolvimento de aplicativos multiplataforma. 

    • Alta performance — embora o Kotlin seja executado na JVM, é projetado para otimização e tem recursos de inline e reified que ajudam a melhorar o desempenho em tempo de execução. 

    Onde usar a linguagem Kotlin? 

    O Kotlin é uma linguagem altamente versátil, permitindo que devs utilizem um único código para diferentes plataformas e contextos, o que facilita a manutenção e a produtividade do desenvolvimento. 

    Embora seja mais conhecida por sua aplicação no desenvolvimento Android, a linguagem de programação tem uma ampla aplicabilidade, o que a torna uma escolha atraente para muitos projetos de desenvolvimento de software. 

    Desenvolvimento web 

    O Kotlin pode servir para desenvolvimento web, tanto do lado do servidor (back-end) com frameworks como o Spring Boot ou Ktor, bem como no lado do cliente (front-end) com Kotlin/JS, permitindo o desenvolvimento de aplicações web completas com a linguagem de programação. 

    Desenvolvimento desktop 

    Ele também é uma opção para o desenvolvimento de aplicativos de desktop, já que pode ser usado com a biblioteca JavaFX para criar interfaces gráficas e aplicativos desktop multiplataforma para Windows, macOS e Linux. Com o código, é possível lidar com eventos e interações do usuário e acessar todas as bibliotecas e APIs disponíveis para Java. 

    Kotlin/Native 

    O Kotlin/Native é uma extensão do Kotlin que permite a compilação para código nativo, ou seja, pode servir para desenvolvimento em sistemas embarcados, aplicativos desktop nativos e até mesmo para desenvolvimento de aplicações iOS. 

    Ciência de dados 

    Embora ainda não seja tão difundido quanto linguagens específicas para Ciência de dados como Python ou R, o Kotlin também pode ser utilizado para análise e processamento de dados, especialmente quando combinado com bibliotecas de ciência de dados em Java. 

    Internet das Coisas (IoT) 

    Com a capacidade de ser compilado para código nativo, o Kotlin pode ser usado em dispositivos de Internet das Coisas (IoT) e outras plataformas de hardware. Por exemplo, um aplicativo Android desenvolvido em Kotlin pode interagir com sensores e dispositivos IoT através de Bluetooth ou Wi-Fi, coletando dados e controlando o funcionamento desses dispositivos. 

    Aplicações híbridas 

    Com o Kotlin/JS, é possível desenvolver aplicações híbridas que rodam em diferentes plataformas, incluindo Android, iOS e navegadores da web, compartilhando código e conhecimento para reduzir o esforço e o tempo de desenvolvimento e proporcionar maior flexibilidade para escolher a abordagem.

    Ferramentas e scripts 

    É possível utilizar o Kotlin para desenvolver ferramentas de linha de comando, scripts e automações, tornando-se então uma boa alternativa para tarefas de automação e desenvolvimento de utilitários

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    Quais são os conceitos básicos do Kotlin? 

    A característica multiplataforma do Kotlin facilita a vida de quem desenvolve
    A característica multiplataforma do Kotlin facilita a vida de quem desenvolve. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

    Com uma sintaxe limpa e expressiva, Kotlin oferece uma experiência de programação agradável, tornando-se assim uma opção atraente para quem busca uma alternativa ao Java e outras linguagens mais extensas. 

    Veja quais são os conceitos básicos da linguagem de programação. 

    Variáveis e tipos de dados 

    No contexto da linguagem Kotlin, as variáveis assumem um papel crucial na representação e armazenamento de informações na memória do computador.

    Variáveis podem ser declaradas utilizando as palavras-chave “var” e “val”. A palavra-chave “var” é empregada para definir variáveis mutáveis, que permitem alterações subsequentes em seus valores.

    Já “val” é destinada a variáveis imutáveis, que não podem ser modificadas após a atribuição inicial. 

    Os tipos de dados em Kotlin especificam a natureza dos valores que uma variável pode conter, garantindo a integridade e a eficiência do código. Alguns exemplos comuns são: 

    Int: para números inteiros, como 5 ou -3. 

    Double: para números de ponto flutuante, como 3.14. 

    Float: similar ao Double, mas com menos precisão. 

    Boolean: para valores verdadeiro ou falso. 

    String: para sequências de caracteres, como “Olá, mundo!”. 

    Exemplo: 

    var saldo: Double = 1000.0 // Variável mutável do tipo Double 

    val pi: Double = 3.14159 // Variável imutável do tipo Double 

    val nomeEmpresa: String = “TechCorp” // Variável imutável do tipo String 

    Funções 

    Em Kotlin, funções são blocos de código nomeados que executam tarefas específicas. Elas são declaradas com a palavra-chave “fun”, seguidas pelo nome da função, a lista de parâmetros (se houver) e o tipo de retorno.

    As funções podem ser bastante complexas, aceitando múltiplos argumentos e retornando valores variados. 

    Por exemplo, veja uma função que calcula a média de dois números: 

    fun calcularMedia(a: Double, b: Double): Double { 

        return (a + b) / 2 

    Condicionais 

    Kotlin oferece estruturas condicionais, como if, else if, e else, permitindo tomadas de decisão com base em condições. Além disso, Kotlin apresenta o when, uma alternativa elegante e expressiva ao tradicional switch do Java. 

    Por exemplo, veja uma função que verifica uma classificação de idade: 

    fun verificaIdade(idade: Int): String { 

        return when { 

            idade >= 18 -> “Maior de idade” 

            else -> “Menor de idade” 

        } 

    Estruturas de repetição 

    Kotlin suporta estruturas de repetição, como loops for, while, e do-while, possibilitando a execução repetida de blocos de código. 

    Exemplos: 

    for (i in 1..5) { // Itera de 1 a 5 

        println(“Passo: $i”) 

    var contador = 0 

    while (contador < 10) { // Imprime valores de 0 a 9 

        println(contador) 

        contador++ 

    Null safety 

    O Kotlin apresenta mecanismos robustos para evitar erros de referência nula, um problema comum em outras linguagens. Isso é feito declarando explicitamente quando uma variável pode ter valor nulo usando o operador ?, contribuindo para um código mais seguro e previsível. 

    Exemplo: 

    var endereco: String? = null // Variável que pode ser nula 

    Orientação a objetos 

    Em Kotlin, a orientação a objetos é um paradigma central, e conceitos fundamentais como classes, objetos, herança, polimorfismo e encapsulamento são plenamente aplicáveis. 

    Exemplo de uma classe Carro: 

    class Carro(val marca: String, var modelo: String) { 

        fun acelerar() { 

            println(“O carro $marca $modelo está acelerando!”) 

        } 

    Funções de extensão 

    Kotlin permite adicionar novas funções a classes existentes sem modificar o código fonte original através das “funções de extensão”. Isso pode tornar o código mais legível e organizado. 

    Exemplo: 

    fun String.exclamacao(): String { 

        return “$this!” 

    val saudacao = “Olá” 

    println(saudacao.exclamacao()) // Saída: “Olá!” 

    Lambdas e funções de ordem superior 

    Kotlin suporta lambdas e funções de ordem superior, que são recursos cruciais para a programação funcional. Lambdas são blocos de código que podem ser passados como argumentos, enquanto funções de ordem superior são funções que aceitam ou retornam outras funções. 

    Exemplo com lambdas: 

    val numeros = listOf(1, 2, 3, 4, 5) 

    val pares = numeros.filter { it % 2 == 0 } // Filtra números pares 

    Coleções 

    Kotlin fornece uma variedade de classes de coleções, como por exemplo listas, conjuntos e mapas, com diversas funções, como filter, map, reduce, que facilitam a manipulação de conjuntos de dados

    Exemplo de transformação de lista: 

    val numeros = listOf(1, 2, 3, 4, 5) 

    val quadrados = numeros.map { it * it } // Calcula os quadrados dos números 

    Classes data 

    Kotlin permite a criação de classes de dados usando a palavra-chave data. Essas classes são automaticamente equipadas com funções como equals(), hashCode(), toString(), e copy(), facilitando o trabalho com dados imutáveis

    Exemplo: 

    data class Cliente(val nome: String, val idade: Int) 

    val cliente1 = Cliente(“Alice”, 30) 

    val cliente2 = Cliente(“Bob”, 25) 

    println(cliente1 == cliente2) // false (compara os valores dos atributos) 

    Esses exemplos ilustram os recursos essenciais e avançados da linguagem Kotlin, destacando sua expressividade, segurança e versatilidade

    Quais são as melhores práticas para a programação com Kotlin? 

    Algumas boas práticas para programação com Kotlin ajudam a tornar o código mais legível, eficiente, seguro e sustentável ao longo do tempo. Essas práticas são baseadas em convenções da comunidade, padrões de desenvolvimento e estão de acordo com as recomendações da JetBrains, empresa responsável pela linguagem. 

    1. Nomenclatura significativa: escolha nomes significativos para variáveis, funções, classes e pacotes. Use nomes descritivos que indiquem claramente o propósito e a funcionalidade dos elementos do código. 
    1. Evite variáveis mutáveis quando possível: utilize o modificador “val” para definir variáveis imutáveis e var apenas quando for necessário que a variável possa ter seu valor alterado. 
    1. Use tipos de dados explícitos: embora o Kotlin possa inferir tipos de dados, é recomendado especificá-los explicitamente para melhorar a legibilidade e evitar ambiguidades. 
    1. Utilize a sintaxe da função de extensão: adicione funcionalidades a classes existentes sem precisar modificar o código original. 
    1. Evite classes e funções muito longas: procure manter suas classes e funções curtas e focadas em uma única responsabilidade, pois isso torna o código mais fácil de entender e de dar manutenção. 
    1. Use recursos da biblioteca padrão: o Kotlin conta com uma rica biblioteca padrão com muitos recursos úteis, portanto explore e utilize esses recursos, e evite a reinvenção da roda. 
    1. Utilize data classes para objetos de dados: para representar objetos de dados imutáveis, como entidades em um banco de dados, utilize as data classes do Kotlin. Elas fornecem automaticamente implementações de métodos como equals(), hashCode() e toString(). 
    1. Testes unitários: escreva testes unitários para garantir que o código funcione conforme o esperado e para detectar possíveis regressões ao longo do desenvolvimento. 
    1. Versione seu código: utilize um sistema de controle de versão, como o Git, para versionar o código e rastrear as alterações ao longo do tempo. 

    Por que usar um Servidor VPS para desenvolver aplicações em Kotlin? 

    Usar um servidor VPS para programar em Kotlin oferece maior flexibilidade, controle, desempenho e segurança, quando comparado com outras opções de hospedagem compartilhada.

    Por isso, servidores VPS, são uma escolha popular para pessoas desenvolvedoras e equipes que precisam de um ambiente de desenvolvimento personalizado e escalável. 

    Com o servidor VPS da Locaweb, você pode implantar diretamente seu aplicativo Kotlin no ambiente de produção, tornando-o acessível ao público. Isso é especialmente útil no desenvolvimento de um aplicativo web ou API que precisa estar online e disponível para os usuários. 

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    O autor

    Rodrigo Cardoso (Pokemaobr)

    Conhecido como Poke, é Streamer (Live "Coder") na Twitch, Web Developer e apresentador do talk show "The Velopers". Com bacharelado em Matemática e MBA em SOA, Poke atua como desenvolvedor e organizador de eventos de TI. É evangelista PHPSP e criador do PokePHP, focando em disseminar conteúdos técnicos e humor para a comunidade de desenvolvedores. Nas horas vagas, ele adora se conectar com a comunidade e compartilhar seu conhecimento de maneira divertida e informativa.

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