Para Iberê Thenório, do Manual do Mundo, as possibilidades são incríveis, mas também assustadoras.

A visão pessimista para a Inteligência Artificial mostra a tecnologia exterminando a raça humana, mas a realidade pode ser bem diferente. Diferente, mas ainda assim espantosa. O desenvolvimento de diversas ferramentas de IA, como Dall-E, Midjourney e ChatGPT, gera um imenso ganho de tempo, eficiência e qualidade, abrindo possibilidades incríveis. Ao mesmo tempo, cria espaços para questionamentos éticos relevantes.

Em pouco mais de 30 minutos de apresentação no Locaweb Digital Conference 2023, Iberê Thenório, criador do Manual do Mundo, um dos principais produtores de conteúdo sobre ciência do mercado brasileiro, mostrou como tem utilizado a Inteligência Artificial no dia a dia da criação de vídeos – e como essa tecnologia tem perspectivas interessantes, mas também preocupantes.

“A evolução da IA chegou para nós, produtores de conteúdo, de uma forma avassaladora”, comenta Thenório. “Até recentemente, era até uma espécie de brincadeira quando alguém editava os títulos dos nossos vídeos e republicava. Mas, cerca de um ano atrás, um site chamado Falatron passou a permitir que um texto fosse falado com a voz de qualquer pessoa. Não é algo com qualidade profissional, mas o Paint de hoje é o Photoshop de amanhã”, afirma.

Com isso, hoje já há ferramentas que se aproximam de vozes reais e abrem uma questão ética: qual é a consequência de ter sua voz ou sua imagem clonada? “Para muitos é apenas uma trolagem, que todo mundo sabe que é apenas por diversão. Mas pode ser usado para coisas bem mais delicadas”, lembra.

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    Novas possibilidades

    A primeira ferramenta de IA que mostrou para o Manual do Mundo que poderia ser usada foi o Dall-E 2, para geração de imagens. “Com ela e com o Midjourney, passamos a poder colocar em um vídeo imagens que precisariam de muitas horas de trabalho de um designer. Nem sempre é uma imagem incrível, mas tem uma qualidade muito boa e que atende à maioria das nossas necessidades”, comenta. Curiosamente, o primeiro uso do Dall-E não foi para a criação de uma imagem a ser usada em um vídeo, e sim como uma inspiração para uma pauta de um vídeo.

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    “Pedimos uma ideia de algo que pudesse ser desenhado com fios de lã – e a IA nos sugeriu uma ovelha”, lembra Iberê Thenório.

    Uma fronteira que vem sendo desbravada é a dublagem de vídeos com o uso de IA. O YouTube tem uma ferramenta que faz a tradução do português para o inglês, com o áudio entrando em uma faixa adicional. “Ainda não é perfeito, mas já é de uma boa qualidade. Com o tempo, certamente vai evoluir muito e estar disponível para muitos outros idiomas. Isso abre a possibilidade de levar o Manual do Mundo literalmente para o mundo inteiro”, afirma o criador de conteúdo.

    Mas e o ChatGPT?

    É claro que o ChatGPT já estaria no dia a dia do Manual do Mundo. Mas de que maneira? Em dois caminhos principais: como assistente criativo e como processador de texto. “O ChatGPT não é um oráculo, não serve para dar respostas a perguntas. Mas ele é muito bom para ajudar a trazer novas ideias, em que não há problema se algumas dessas sugestões não forem assim tão boas”, comenta Thenório. “Além disso, dificilmente o ChatGPT tem erros gramaticais. O texto é às vezes burocrático, mas sempre correto na gramática. E isso facilita o trabalho de redação, pois temos uma base boa para começar”, explica.

    O Manual do Mundo usa bastante o ChatGPT para propor ideias de séries de vídeos sobre um tema específico, ou para pautar o que incluir em uma sequência de stories no Instagram. “O sistema sugere um monte de ideias, seleciono algumas, destrincho outras, e no fim tenho uma série de ideias que até poderia obter manualmente, mas demorando bem mais tempo”, afirma.

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    Iberê Thenório fala sobre o uso do ChatGPT no canal Manual do Mundo.

    Para Thenório, o ChatGPT está se tornando uma aplicação generalista, com possibilidades para todo tipo de negócio. “Hoje, grande parte das nossas atividades podem ser aceleradas com o uso de IA. E muitas outras coisas poderão vir a ser no futuro, incluindo a minha imagem como apresentador”, comenta. “Poderemos ter um sistema em que entramos com uma ideia e a IA monta tudo, entregando um vídeo pronto no final”, teoriza.

    Uma ideia empolgante ou aterradora? Um pouco dos dois. “Dá medo pensar nisso tudo, pois qual será o lugar do ser humano daqui a 15 anos, quanto tudo puder ser feito pela IA? O que vejo é que a IA exigirá um grande trabalho de adaptação das pessoas e dos sistemas, o que vai gerar muitos empregos em muitas áreas. Mas para onde isso tudo vai andar eu não faço a menor ideia”, completa.

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    O autor

    Juliana Fernandes

    Ju é jornalista e Analista de Conteúdo na Locaweb, com especialização em Gestão de Conteúdo para Mídias Digitais pelo Senac. Há mais de 15 anos, vem construindo sua trajetória profissional no mundo da comunicação. Atuando em frentes como: produção de conteúdo, gestão de redes sociais e assessoria de imprensa. Sua paixão pelo jornalismo a motiva a contar histórias de maneira envolvente e a adaptá-las para diferentes canais e públicos. Acredita no poder das boas narrativas para transmitir mensagens relevantes. Com um olhar atento e curioso, está sempre em busca de novas ferramentas para desenvolver estratégias personalizadas que conectem marcas e pessoas.

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