Uma rede de infinitos mundos virtuais, simultâneos e sincronizados, tem muitos desafios, mas possibilidades ainda maiores esse é o Metaverso. Confira!
O futuro é resultado do agora – e isso foi dito em mil e uma variações. A tecnologia vem traduzindo códigos em interfaces há décadas, e evoluindo suas respostas cada vez mais rápido. Se, lá no comecinho, as redes eram centralizadas e restritas a grupos específicos, a internet integrou tudo, permitindo que pessoas de todos os tipos, níveis, etnias e condições econômicas pudessem ter acesso à informação e gerassem conteúdo.
Agora estamos diante de novo marco, que promete mudar a forma como nos relacionamos, consumimos e trabalhamos: o Metaverso. A visão é reunir diversas realidades, universos virtuais, um montão de dinheiro e, sobretudo, pessoas. Hoje, o mais perto que estamos desse universo são os jogos com interação e ação de multiplayers em tempo real, como os lucrativos World of Warcraft, Roblox e Fortnite.
Como surgiu o Metaverso?
Como conceito, o Metaverso não é novo: a palavra foi utilizada a primeira vem 1992, no livro “Snow Crash”, escrito por Neal Stephenson. A história narra a saga de Hiro, um hacker que usa o avatar de um príncipe samurai no Metaverso. Ele busca destruir o vírus Snow Crash, capaz de infectar os usuários por meio do seu nervo óptico, danificando os seus cérebros após ser processado.
Antes de avançarmos, seria bom definir o que é Metaverso. O cientista brasileiro Silvio Meira, um dos principais especialistas em tecnologia do País, tem sido uma das principais vozes na hora de explicar tanto o conceito quanto a potência do que pode vir a ser o Metaverso. É no seu texto “Definindo ‘o’ Metaverso” que encontramos uma resposta mais direta para o termo.
O que é Metaverso?
De uma maneira muitíssimo resumida, o Metaverso é uma rede capaz de reunir uma quantidade infinita de mundos virtuais de forma simultânea e sincronizada. Esses mundos virtuais, e tudo o que está presente neles (avatares, cenários, informações, pagamentos) é interoperável.
Agora, imagine tudo isso sendo renderizado em tempo real. E o que será necessário para garantir a segurança das informações? Como desenvolver um ambiente mentalmente saudável e ético? São questões muito complexas – e ainda nem tocamos em questões de consumo de recursos, impactos ambientais no mundo físico, criação de empregos no mundo virtual e remunerações. Pois é…
A Horizon Worlds, o aplicativo do mundo virtual da Meta (ex-Facebook), tem buscado avançar no desenvolvimento do Metaverso, mas está passando perrengue com funcionários e testadores desanimados em passar tempo nele. E por quê? Bugs, instabilidades e estética duvidosa prejudicam a experiência. Começos são assim mesmo. Ninguém disse que seria fácil.
O que esperar do Metaverso?
O que está mais à mão no momento é criar produtos para serem oferecidos em universos virtuais, ou criar um universo virtual e explorar seu potencial. Em ambos os casos, o ideal é testar tudo o que for possível para acumular experiência e conhecimento para utilizar quando finalmente tivermos um Metaverso full.
1) Infinitos universos, infinitas possibilidades
Alguns segmentos já entenderam que muitos hábitos do mundo físico serão emulados nos mundos virtuais e no Metaverso. De olho nessas possibilidades, iniciaram seus movimentos comerciais e estão demarcando território. Entre os exemplos, estão:
2) Moda Digital em Realidade Aumentada (RA)
Já é possível utilizar roupas e acessórios virtuais desenvolvidos com Realidade Aumentada. A DressX é uma empresa focada em moda digital que vende itens para serem usados em RA. A premissa é vender looks para serem utilizados em “eventos virtuais” – como chamadas de vídeo -, em fotos e nos seus avatares de jogos. Em 2021, a Gucci lançou o tênis Virtual 25, um modelo totalmente digital que veste o pé do usuário em RA e é vendido exclusivamente no seu app. A grife tem outros produtos dessa mesma categoria em seu aplicativo.
3) Eventos virtuais
Em 2020, em pleno distanciamento social, a desenvolvedora Epic Games trouxe para o Fortnite o avatar do cantor Travis Scott para fazer um show dentro do jogo. Ela alcançou nada menos que 12,3 milhões de jogadores, batendo o recorde de 2019 com o show de Marshmello, visto por 10 milhões de jogadores. Haja servidor!
4) Escalabilidade
Com um número infinito de usuários e mundos interconectados, o Metaverso será um impulsionador de negócios. É necessário, no entanto, dominar a melhor linguagem para ser utilizada no mundo virtual e ousar. Não precisamos nos ater a limitações de espaço, tempo e gravidade, como estamos sujeitos no mundo físico.
5) Branding
A forma como as marcas vão se relacionar no ciberespaço, seus produtos, seus propósitos e como elas facilitarão a vida dos usuários serão diferenciais na formação da sua imagem também no mundo físico.
6) Testes
É possível fazer algumas apostas no Metaverso com um investimento menor, antes de desenvolver ações mais ousadas no mundo físico. Esse será um ambiente com “pessoas” testando o lançamento e mostrando sua aceitação. Se antes as empresas ousavam menos por conta dos investimentos, no mundo virtual isso muda de figura.
7) Educação
O Metaverso poderá revolucionar a forma como as pessoas aprendem e retêm conhecimento, proporcionando experiências muito mais ricas. Imaginem uma aula de História em que estudantes participam ativamente da situação. Tem potencial para ser incrível!
8) Metaeconomia
A possibilidade da criação de uma economia singular dentro do Metaverso é quase uma certeza. A tecnologia blockchain será o suporte para transações em criptomoedas de modo transparente e confiável. As empresas combinarão produtos e experiências exclusivas para o Metaverso e que dependerão de usuários e inteligências artificiais para acontecer – tanto do lado de quem compra quanto do lado de quem fornece.
Não é exagero afirmar que muito do que está por vir com o Metaverso ainda não é sequer imaginado por nós, tamanhas são as possibilidades. Nem para o bem, nem para o mal. Essa é uma história que merece ser acompanhada.