Em uma palavra, tudo. Afinal de contas, para se relacionar com clientes de todos os tipos, as empresas de tecnologia precisam abraçar a diversidade, a inclusão e a responsabilidade social dentro de casa
Diversidade, equidade, inclusão e responsabilidade social são temas cada vez mais importantes em toda a sociedade – e a área de tecnologia não está isenta disso. Mas não basta dizer: é preciso fazer e, diariamente, abrir os olhos para o fato de que todos temos vieses inconscientes e preconceitos. Combatê-los é o que fará uma sociedade melhor – e irá gerar negócios mais inovadores e lucrativos.
Para Simara Conceição, software developer na Thoughtworks, que falou sobre o tema durante o Locaweb Digital Conference 2023, a tecnologia responsável debate as maneiras de garantir que riscos e implicações sociais da tecnologia sejam avaliados de forma adequada e incorporem valores de igualdade.
É preciso considerar ativamente os valores, consequências não intencionais e impactos negativos da tecnologia, incluindo uma ampla variedade de vozes nesse processo”, comenta.
De acordo com ela, ao adotar uma abordagem plural, que considera os diversos pontos de vista das pessoas no desenvolvimento de produtos e soluções, as empresas abrem os olhos para aspectos que ficavam invisíveis. “Uma pessoa com dificuldade de visão precisará dar zoom na tela do celular, mas pouca gente se preocupa com esse tipo de experiência de navegação”, exemplifica.
Mas falar de igualdade e tecnologia responsável vai muito além: também é necessário aumentar a inclusão de pessoas das mais variadas minorias – pois elas também são parte importante do seu público.
“A tecnologia hoje impacta todas as pessoas, mas nem todas as vozes impactadas são envolvidas. Mudar essa realidade permite mitigar potenciais riscos e danos, o que tem um impacto positivo sobre os negócios”, afirma.
Entre os aspectos que Simara indica que precisam ser analisados para a construção de uma tecnologia ética estão:
- Acessibilidade e design inclusivo em produtos digitais;
- Redução do impacto ambiental dos produtos, soluções e infraestrutura;
- Ir além do cumprimento de legislação;
- Mitigação de vieses em algoritmos e no uso de IA;
- Respeito à privacidade, segurança e transparência;
- Educação e envolvimento de todo o ecossistema nesse debate;
- Mitigação da exclusão digital;
- Ampliação de vozes diversas nos times de tecnologia.
Estudos da Thoughtworks mostram que abraçar essas questões faz com que as empresas de tecnologia melhorem sua percepção de marca, se tornem mais sustentáveis e aumentem os índices de atração e retenção tanto de clientes quanto de talentos.
“Formar equipes inclusivas permite trazer diferentes perspectivas para tudo o que criamos, além de pensar de forma crítica sobre impactos econômicos e sociais”, afirma. Para a profissional, segurança e ética não devem ser uma resposta às exigências do mercado, e sim um princípio evidente em tudo que a empresa faz.
“Fazer a coisa certa será fundamental para que as empresas ganhem competitividade no mercado. A tecnologia responsável precisa ser mais que uma boa ideia: tem que se tornar uma ação praticada todos os dias pelas empresas”, completa.